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segunda-feira, março 08, 2004

Da Série - Retratos Musicais do Cotidiano







Catavento e Girassol



(Guinga e Aldir Blanc)



Meu catavento tem dentro

O que há do lado de fora do teu girassol

Entre o escancaro e o contido

Eu te pedi sustenido

E você riu bemol

Você só pensa no espaço

Eu exigi duração

Eu sou um gato de subúrbio

Você é litorânea

Quando eu respeito os sinais

Vejo você de patins

Vindo na contra-mão

Mas, quando ataco de macho

Você se faz de capacho

E não quer confusão

Nenhum dos dois se entrega

Nós não ouvimos conselho:

Eu sou você que se vai

No sumidouro do espelho

Eu sou do Engenho de Dentro

E você vive no vento do Arpoador

Eu tenho um jeito arredio

E você é expansiva

(o inseto e a flor)

Um torce pra Mia Farrow

O outro é Woody Allen...

Quando assovio uma seresta

Você dança havaiana

Eu vou de tênis e jeans

Encontro você demais:

Scarpin, soirée

Quando o pau quebra na esquina

Você ataca de fina

E me oferece em inglês:

É fuck you, bate-bronha

E ninguém mete o bedelho:

Você sou eu que me vou

No sumidouro do espelho

A paz é feita no motel

De alma lavada e passada

Pra descobrir logo depois

Que não serviu pra nada

Nos dias de carnaval

Aumentam os desenganos:

Você vai pra Parati

E eu pro Cacique de Ramos

Meu catavento tem dentro

O vento escancarado do Arpoador

Teu girassol tem de fora

O escondido do Engenho de Dentro da flor

Eu sinto muita saudade

Você é contemporânea

Eu penso em tudo quanto faço

Você é tão espontânea!

Sei que um depende do outro

Só pra ser diferente

Pra se completar

Sei que um se afasta do outro

No sufoco somente pra se aproximar

Cê tem um jeito verde de ser

E eu sou meio vermelho

Mas os dois juntos se vão

No sumidouro do espelho



posted by :Fabi:
3:50 PM